Depois de me
apaixonar com todas as minhas forças por “Garotas de Neve e de Vidro”, decidi
que precisava ler mais livros da Melissa Bashardoust, e posso dizer com toda a
certeza de que não me arrependi! “Girl,
Serpent, Thorn” (Garota, Serpente, Espinhos), apesar de não superar o outro
livro da autora, é com certeza uma obra prima.
Sério, o único
grande defeito desse livro é nunca ter sido publicado no Brasil. No fim das
contas eu gostei tanto da escrita da autora que comprei o original e aproveitei
para treinar o inglês. Recomendo muito esse livro pra quem é bilíngue e está
procurando por oportunidades para praticar, é aquele velho discursinho de todo
professor: a gente aprende melhor um idioma fazendo algo que gosta! Acontece
que se você não consegue entender inglês, infelizmente não vai poder ler por
enquanto, vamos torcer para que um dia saia a versão brasileira!
Agora, vamos
falar sobre do que se trata o livro em si? A trama foi baseada nas histórias da
Antiga Pérsia, trazendo vários dos elementos dos contos desses povos, mas
reinventando eles com valores mais atuais. É como no outro livro que li da
autora, que recontava a história da branca de neve, a diferença é que dessa vez
eu não conhecia as histórias originais, e o livro me deixou com muita
curiosidade de pesquisar um pouco mais sobre elas (nesse quesito, é uma experiência
semelhante a ler os livros do Rick Riordan quando não se tem nenhum
conhecimento prévio de mitologia).
A
protagonista, Soraya, é a Shazadeh (princesa) de um reino governado por seu irmão
gêmeo, o Shah (rei). Acontece que ela não podia interagir com ninguém na corte
(exceto por seu irmão, sua mãe, sua melhor amiga e o irmão idiota dessa amiga)
e vivia sempre escondida nas sombras, perambulando pelas as passagens secretas
do castelo, por causa do seu segredo: Soraya era venenosa, e todas as pessoas,
divs (umas criaturas monstruosas lá da mitologia persa) e animais que ela tocassem
morriam quase que instantaneamente.
Uma das únicas
formas de vida que ela ainda conseguia tocar eram as plantas, por isso, ela
cultivava um jardim, a prova de que ela não era capaz apenas de destruir, mas
de criar. Isso era extremamente importante para ela, porque todo esse poder de
destruição fazia com que a princesa se sentisse um monstro, como se faltasse
pouco para ela se transformar totalmente em um demônio. Um de seus contos preferidos
inclusive era sobre um antigo Shah que, por conta de sua maldade, acabou se
transformando em um div. Durante toda sua infância e adolescência, ela tentava
reprimir qualquer emoção negativa que sentisse, com medo de acabar com o mesmo
destino do protagonista do conto.
No começo da
história, a vida de Soraya tem três grandes reviravoltas: a primeira é que
Sorush, seu irmão e o Shah, ia se casar com Laleh, sua melhor amiga (e por quem
ela teve uma quedinha na infância, diga-se de passagem). A segunda é que uma
div chamada Parvaneeh foi capturada, e ela tinha informações valiosas sobre a
maldição de Soraya. A terceira é que um rapaz chamado Azad se tornou um Azatan
(tipo os guardas do castelo), e ele era uma das poucas pessoas que não tinha
medo de se aproximar da Soraya.
Eu poderia passar
horas e horas falando desse livro, mas ele é cheio de reviravoltas, então sinto
que qualquer coisa que eu for falar além disso é spoiler. Enfim, se você curte
mitologias antigas, histórias de princesas, plot twists a torto e a direito,
romances sáficos, problemas familiares, morais sobre auto aceitação e traições ao
nível Maven Calore, esse livro é perfeito para você (assim como foi perfeito
pra mim).
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